Dando continuidade ao Especial Redações Nota Mil, você acompanha a segunda redação da série, que foi liberada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para fins pedagógicos. Dez candidatos que tiraram nota 1.000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015 forneceram os textos ao G1 .
O tema da redação foi “A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira”. Dos 5.631.606 textos corrigidos, 104 obtiveram nota mil. Outros 53.032 foram anulados e receberam nota zero.
De acordo com o Inep, foram anuladas as redações que fugiram do tema, desrespeitaram os direitos humanos e escreveram em uma tipologia diferente da solicitada, dentre outras razões. As orientações e os textos de apoio recebidos pelos candidatos no dia do Enem estão no final desta matéria.
- Apenda a fazer uma redação perfeita!
- Antes de produzir seu texto, ouça dicas de Redação com professor Alexandre Soares
Veja abaixo a TRANSCRIÇÃO LITERAL da redação de Caio Koga, sem edições:
“Conserva a Dor
O Brasil cresceu nas bases parternalistas da sociedade europeia, visto que as mulheres eram excluídas das decisões políticas e sociais, inclusive do voto. Diante desse fato, elas sempre foram tratadas como cidadãs inferiores cuja vontade tem menor validade que as demais. Esse modelo de sociedade traz diversas consequências, como a violência contra a mulher, fruto da herança social conservadora e da falta de conscientização da população.
Casos relatados cotidianamente evidenciam o conservadorismo do pensamento da população brasileira. São constantes as notícias sobre o assédio sexual sofrido por mulheres em espaços públicos, como no metrô paulistano. Essas ações e a pequena reação a fim de acabar com o problema sofrido pela mulher demonstram a normalidade da postura machista da sociedade e a permissão velada para o seu acontecimento. Esses constantes casos são frutos do pensamento machista que domina a sociedade e descende diretamente do paternalismo em que cresceu a nação.
Devido à postura machista da sociedade, a violência contra a mulher permanece na contemporaneidade, inclusive dentro do Estado. A mulher é constantemente tratada com inferioridade pela população e pelos próprios órgãos públicos. Uma atitude que demonstra com clareza esse tratamento é a culpabilização da vítima de estupro que, chegando à polícia, é acusada de causar a violência devido à roupa que estava vestindo. A violência se torna dupla, sexual e psicológica; essa, causada pela postura adotada pela população e pelos órgãos públicos frente ao estupro, causando maior sofrimento à vítima.
O pensamento conservador, machista e misógino é fruto do patriarcalismo e deve ser combatido a fim de impedir a violência contra aquelas que historicamente sofreram e foram oprimidas. Para esse fim, é necessário que o Estado aplique corretamente a lei, acolhendo e atendendo a vítima e punindo o violentador, além de promover a conscientização nas escolas sobre a igualdade de gênero e sobre a violência contra a mulher. Cabe à sociedade civil, o apoio às mulheres e aos movimentos feministas que protegem as mulheres e defendem os seus direitos, expondo a postura machista da sociedade. Dessa maneira, com apoio do Estado e da sociedade, aliado ao debate sobre a igualdade de gênero, é possível acabar com a violência contra a mulher”.