Já aconteceu de você estar escutando sua música preferida e, de repente, um verso soar estranho? Ué, será que está errado? Será que o compositor não sabe que não é assim? Calma, eles sabem, sim!
Mas por que os autores não utilizaram a norma culta da Língua Portuguesa?
A resposta é bem simples. Em diversos contextos, a utilização da norma não culta é
aceita, e um exemplo desses contextos é na construção de músicas. Às vezes para facilitar a rima, outras para melhorar a sonoridade, os autores optam por desviar da gramática normativa e transgredir algumas regrinhas. Você já não se pegou pensando que é muito mais gostoso cantar a música com o errinho? Ela não fica mais fácil de encaixar na melodia? Os compositores também acham!
Esse processo, quando de maneira consciente, recebe o nome de licença poética. Mas isso não quer dizer que todo o erro seja considerado licença poética. Para se encaixar nesse conceito, é necessário que os autores da canção (do poema, do texto ou de qualquer outro veículo de escrita) afirmem conhecer a maneira mais adequada à situação formal de uso, e reconheçam ter sido uma opção.
Pensando nisso, resolvemos explicar pra você a maneira correta, segunda a norma culta, de cantar inúmeras músicas com essa famosa licença poética.
Hoje, vamos destacamos um trecho da música da dupla Fernando e Sorocaba: “O que ‘cê’ vai fazer”
“As razões que me impedem de estar com você
Vai além de te amar, vai além do querer
Vai saber, vai saber”
E aí? Descobriu qual é o erro da música de hoje?
Se você percebeu que a concordância verbal aqui não está correta, parabéns! É isso mesmo!
Temos, no trecho, uma oração subordinada adjetiva restritiva (“que me impedem de estar com você”), que afasta o núcleo do sujeito de seu predicado. Vamos tirar essa oração para facilitar a visualização:
As razões vai além de te amar, vai além do querer.
Nesse caso, o sujeito está na 3ª pessoa do plural, então o verbo deve acompanhar essa conjugação. Assim, a oração correta seria:
As razões vão além de te amar, vão além do querer.
Viu só? Provavelmente, Fernando e Sorocaba acharam que cantar a música desse jeito seria mais fácil e mais sonoro! Por isso, lembre-se: antes de dizer que uma música está errada, pense sempre na possibilidade de uma adequação musical muito bem pensada e arquitetada!
Legais essas informações, né? O que não faltam são músicas para a gente analisar! Fique de olho aqui no nosso blog porque toda semana tem uma nova música para você!
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Colaborou: Luana Magalhães, graduanda em Letras